terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Epílogo do Fim

18:17
Os dois no ponto de ônibus na avenida mais movimentada da cidade, com um céu de final de tarde alaranjado sobre suas cabeças, mas os dois não viam nada além do cinza do asfalto, o preto da calçada, do castanho claro ou escuro dos olhos e conjunção das cores dos lábios, dentes, gengivas, boca dos dois, bocas que não diziam nada só se mostravam entre meio sorrisos mordidas nos lábios e repressão de palavras que acabavam em lábios trêmulos. O corpo rígido e os punhos fechados do rapaz mostravam que naquele momento ele se sentia atado, amarrado, aprisionado por algo que não lhe permitia uma reação ou uma atitude. Enquanto a garota numa postura não mesmo tensa, porém um pouco leve, se encontrava inclinada em direção a calçada com os braços cruzados como que esperando uma reação ou uma atitude do rapaz. Ali pelo jeito havia uma falta de comunicação...mas reparando bem nos olhos marejados e brilhantes se via que ali apesar da timidez ou falta de coragem de se encararem olhos nos olhos, nos poucos momentos em que eles se encontravam havia uma sincronia, a falta de comunicação então não era o problema...
De repente ambos viram seus corpos em direção a rua, pelo jeito o ônibus de um deles estava se aproximando o rapaz rapidamente tira de seu bolso um papel e uma caneta e escreve rapidamente algo entre aspa, caminha vagarosamente até a direção da garota dá o sinal, beija-a na testa entrega a ela o papel e diz:
-Leia apenas quando eu estiver dentro do ônibus e ele já estiver longe do ponto!
Ela olhou pra ele com uma tentativa de sorriso e com os olhos marejados e assentiu com a cabeça.
Ele entrou no ônibus e como ele havia pedido quando o ônibus se afastou do ponto ela abriu o papel e leu:
‎ "Quero que a estrada venha sempre até você

E que o vento esteja sempre a seu favor
...Quero que haja sempre uma cerveja em sua mão...
E que esteja ao seu lado, seu grande amor"
A garota então olhou pro horizonte procurando o ônibus em que estava o rapaz e sorriu, ali naquele momento ela percebeu o céu alaranjado, olhando pro céu agora a garota deu um suspiro e liberou a lágrimas que segurava colocou o fone na orelha e nele já estava tocando uma música na qual ela não estava prestando muita atenção até sua mente silenciar e ela ouvir o trecho que dizia:
"Você dividiu comigo a sua história

E me ajudou a construir a minha
Hoje mais do que nunca somos dois
A nossa liberdade é o que nos prende"

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